segunda-feira, 21 de junho de 2010

Quando eu fiz quatro anos, e isso foi há quatroze anos atrás, o casamento dos meus pais enfrentava mais uma das tantas crises e eles estavam separados. Eu tive uma grande festa, com baloes, bolos, doces e crianças. Presentes também, é claro. Mas ele não foi. Eu não brinquei com as crianças, mesmo tendo ganhado um conjunto de chá que eu tanto queria. Eu fiquei esperando. Minha mãe, tentando me agradar e me proteger como todas as mães, me entregou um Baby Doll de bichinho e disse que ele havia passado rápido por ali, mas que havia me deixado um beijo e um presente. Eu usei o Baby Doll até ele ficar tão pequeno que me apertava na cintura. Até hoje ela não desmentiu a história, mas a minha ingenuidade infantil se foi. 

Neste mês você vai completar quatro anos. Eu espero que seja tão esperta, agil, inteligente e desconfiada quanto eu era. Só quem tem curiosidade e ousadia chega a algum lugar. Eu espero que você seja ingenua o suficiente para não ver o grande mal que ele causa as pessoas. Um dia ele vai lhe causar isso, e eu espero que ele se vá antes que isso aconteça. 

Agora me recordo de como eu era quando tinha a sua idade. Além de arteira e estudiosa, eu era envergonhada e carismática. Tinha os olhos tão verdes quanto podiam ser, os cabelos desalinhados, a face sempre corada, os joelhos machucados... 

E me pergunto sobre você... Como você é...

Meus desenhos favoritos eram os Jacksons. Meu ursinho era o Snoop. Aquele que tinha as cores, os numeros e um zíper. Minha cor era o azul, azul do grêmio. Eu tinha um cachorro que se chamava Leo. Ele morreu de um ataque do coração e eu chorei horas. Eu sempre gostei de comer massas e de brincar no parque. Andar de balanço e tocar o céu. Comer agodão-doce e provar das nuvens. O perfume que eu usava era Bebe, da Contem 1G. Eu era tão enfeitada e doce quanto uma boneca poderia ser.

E você?
E quando você chegar aos dezoito anos?
Será que algum dia vamos nos conhecer?
Será que algum dia vamos nos reconhecer?
Será que algum dia vamos nos aceitar?

domingo, 13 de junho de 2010

Post de dia dos namorados (atrasadinho)

Quando se acaba um grande amor, as impressões residuais, inclusive as manifestações físicas delas decorrentes, sequestram os pensamentos, não precisa que a gente se recorde do ex, o córtex pré-frontal traz à tona as lembranças da relação perdida, mesmo que a pessoa não faça mais parte da sua vida.
É tão grande o dano causado a uma pessoa que terminou uma relação de amor, que dificilmente ele se apagará.
O que remete ao risco que todo grande amor encerra: o do fim. Encerrar um caso de amor, portanto, não é dar fim à dor. É dar trânsito a ela com o distanciamento.

Que o texto acima é do Paulo Santana, nós sabemos. Mas de fato, tudo o que nele é retratado eu não tomo como verdadeiro, talvez como realista demais, fantasioso e dramátizado, mas não como verdadeiro. Porque amor grande, amor que é amor, seja amor de amigo ou amor de amante, não termina assim. Não se apaga, realmente. Mas não fica dor e sim lembranças boas. E aqui fica uma música do Vinícius de Moraes que acredito que traduza o que tentei falar em poucas palavras.

“Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Talvez até haja você sem mim
Mas eu não existo sem você

sexta-feira, 4 de junho de 2010



“Eu te odeio”, disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la.