segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Adaptei esse texto de um da Tati Bernardi. Porque ela fala das mulheres em geral, mas sou egoísta e quero falar de mim. 

Ain, que saudade de "escrivinhar aqui"

Eu tenho um pouco de tudo. Um pouco de adulta, de criança, de maluca, de certinha. E, é claro, um pouco de puta.
Toda mulher tem um pouco. Não adianta negar. Mas ainda assim falo por mim porque vivi pouco tempo para fazer afirmações maiores. Falo por mim porque estou egoistamente presa na minha própria descoberta e existência.Mas pelo que tenho visto por aí, toda mulher tem um pouco de tudo.De Hipocrisia também. Não é dificil entender porque os homens não amam tanto os defeitos das mulheres: Eles são inúmeros. E como é difícil ser feliz com tantos poucos para agradar. Fora os milhares de hormônios que tornam cada um desses poucos mais do que dá para aguentar.E a cada suspiro, meus poucos se atrapalham: estou feliz ou com medo? Estou cansada ou excitada? Estou carente ou encantada? Estou fria ou fugidia? Estou com saudade ou com excesso de lembranças? Numa única noite eu fui um pouco tudo, eu quis um pouco de tudo. Quando alguém vai acompanhar meu ritmo? Eu quis que ele não soubesse meu nome, depois quis ter o dele logo depois do meu. Quis que não fosse noite, e quando foi tarde, quis que fosse dia. Eu quis que ninguém soubesse de tamanha traição. Dos celulares desligados, e que quando ligados, serviam somente para registrá-la. Mas depois eu quis gritar na janela como o proibido era sopro no meu coração. Eu quis sentir o poder de abalar com a vida dele. De vê-lo sofrer como eu sofri. De fazê-lo ver como a distância machuca. Depois quis que ele voltasse direitinho pra casa e esquecesse que existe a fraqueza. E que voltasse para mim. Eu quis ele por uma aventura, uma risada, uma distração.Depois quis o colo dele para sempre, mas fiquei com o meu pouco puta estampado na cara. E acabei fazendo do sempre somente um momento. Ah, eu me arrependo disso também. É o meu lado criança lutando com o adulta. Vai entender. Como eu preciso ser amada meu Deus, pra parar de dar de bandeja o meu sorriso por aí. De contagiar quem não merece com a minha alegria. Eu tenho meu pouco criança estampado em cada linha que escrevo e em cada bobeira que falo na espera de atenção.Maluca? Nas raras vezes que sou séria, me sinto tão maluca, que devo ser sempre maluca.De pouco em pouco encho o papo de ansiedade.Sou curiosa, sou atrevida. Acredito em astros, em magos, em espiritismo, em extraterrestre. Se não sou maluca, quem poderá ser? Quando o muito virá? Eu nunca poderia ser feliz sem meu pouco trágica. É sério! Sou muito trágica. Eu faço tempestade em copo d'água. Mas isso faz parte do meu lado feminina! Rosto mulher (estilizada?)Eu nunca posso estar satisfeita sem meu pouco idealista e eu nunca poderei ser mulher porque ainda falta pouco, muito pouco, mas eu sei que sempre faltará.
Me completo de poucos, mas sigo esperando demais de tudo. De todos. Comida para cada um desses poucos que são buracos na minha alma.Meu pouco puta, safada, tarada, não tem um pingo de compostura. É atrevida, travessa, ardilosa. Sem limites.
Meu pouco criança sofre e se diverte com o meu pouco louca. É mimada, manhosa, saudosa. É contagiada por uma vontade de viver. Meu pouco adulta perdoa tudo porque tem total consciência do meu pouco criança e da facilidade com que meu pouco criança se deixa levar pelo meu pouco maluca.
Mas cada pouco espera o grande momento. A grande virada. O longo suspiro de paz.
Cada pouco espera o colo, a excelente transa, o beijo silenciador de neuroses, o abraço aquecedor de angústias.
Cada pouca criatividade espera o salário digno, o carro novo, o cheiro de cada coisa minha conquistada, o sono de quem não deve um centavo a ninguém. Corro no desespero desses dias, da vida que virá, dos sonhos realizados, da felicidade, do sorriso banguelo da pureza infinita de um ser gerado por mim. Da luz.
Meu pouco pessimista sabe que nada disso pode acontecer. Mas eu sigo com meu pouco otimista, aprendendo que ele a cada dia aumenta um pouco.
Quem em cada pouco põe tudo que é merece ser feliz.
E muito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário