quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Nada mais estressante e incômodo que ficar em uma sala de recepção (ou uma sala qualquer, ou fila de bancos, enfim), sentada (ou não) , cercada por pessoas totalmente estranhas, que tentam desviar o olhar do seu, até parece que se te olharem vão adquirir algum tipo de doença, sempre te olham como se você fosse inferior, pessoas.

Eles não querem te olhar, e também não querem que você olhe pra eles, ao menos a maioria deles não. Grande parte da minoria procura o seu olhar, até parece que sentem necessidade em falar com alguém, e esse alguém (considere-se sortudo) é você, eles buscam seu olhar para que assim uma conversa começe, uma conversa sem ínicio, sem fundamento algum, algo do tipo: Tá frio aqui, não? (Eles podiam apenas aproveitar o ar condicionado, mas não, eles querem reclamar) Ou: Nossa, como tá demorando, não é? Sempre acompanhada de um sorriso amarelo, e sempre são perguntas, talvez porque querem prolongar o papo, mas (quase) sempre o esforço é em vão, e o assunto acaba sem ao menos ter começado.

A grande maioria - aquela que desvia o olhar - no intuito de tentar disfarçar o desconforto, fecha os olhos, ou procura por um ponto fixo para poder olhar, para poder fingir estar concentrada, seja um quadro na parede ou uma formiga no chão, não importa, o importante é não olhar no seu olhar.

Minha manhã seguia assim, quando aquela pequenina dona de cabelos dourados e olhos azuis se sentou ao meu lado. Em uma das mãos trazia uma bolsinha rosa, e com a outra amassava o vestido, buscando por algo que controlasse sua inquietação.

-É aquela moça da novela.

Ela disse, se referindo a capa da revista que eu lia. Concordei, voltando-me para as letras.

-Ela é bonita. Os cabelos dela são da mesma cor dos teus.

"Bonito cabelo."

E eu larguei a revista, peguei minha bolsa e saí.

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