segunda-feira, 11 de abril de 2011

Acredito que a preocupação de, se não toda a população, da grande maioria, seja a educação de qualidade. Não sei se ocorreu com todos, mas cresci ouvindo meus pais dizerem que somente estudando se chega a algum lugar na vida. Que somente indo a escola, fazendo os “temas de casa”, e que somente tendo “notas boas”, eu seria alguém na vida. Bom, acho que eles tinham razão. O que eles não sabiam é que frequentando a escola as crianças poderiam também estar colocando suas vidas em risco.

Mães cabeleiras, enfermeiras, vendedoras, donas de casa... Mães que muitas vezes são mãe e pai...

Pais motoristas, pedreiros, engenheiros... Pais traficantes, ladrões... Pais que amam seus filhos e que muitas vezes são pai e mãe.

Professores que buscam levar conhecimento, professores que são pai e mãe.

Pessoas que perderam seus tesouros mais preciosos. Pessoas que tiveram o medo de perder e pessoas que ainda lutam pela vida de seus filhos. Pessoas que mandaram suas crianças para a aula para que cada criança fosse “alguém na vida.” Eu não sei quanto a vocês, mas a cada dia que a minha menina de 14 anos sai de casa para ir para a escola, eu espero que ela adquira conhecimento didático e que ela absorva a convivência em sociedade. Mais do que isso, eu espero que por volta do meio dia e quinze ela retorne, com um sorriso cansado, e vá almoçar. Eu também espero que ela seja alguém na vida. E eu não consigo imaginar, nem por um segundo, essa rotina sendo quebrada e

O que os nossos pais não sabiam é que iriam apontar e dizer “a culpa é do menino desequilibrado”. “Olha só, ele sofria de doenças mentais”. Ou então “ele se relacionava com terroristas”. O que ninguém esperava é que fossemos hipócritas a ponto de justificar toda a dor das famílias, e porque não a dor do Brasil, e dizer “isso é algo inédito e que não se repetirá constantemente”. Posso estar sendo ainda mais hipócrita, mas eu discordo. Eu vejo o “atirador” como um projétil de revólver. Ele está ali, ele causará danos, mas somente se existir o revólver. Do contrário, ele não passa de um projétil. O revólver foi o portão da escola aberto para alguém que não estudava e não lecionava ali. O revólver é a falta de detectores de metais nas escolas. “Geraria tumulto” “levaria tempo” “perturbaria as crianças”. Bem, acho que não. Acho que se tem máquinas deste porte nos bancos, e mesmo em dias de pagamento de contas não há filas ou tumultos, e que ironia, segundo um dos pais, “para buscar a certidão de óbito, foi necessário passar por um detector”. Acredito que o Brasil sempre insista em apontar os alunos de hoje como os profissionais do futuro, e nada fazem para protegê-los. Doze crianças morreram. Qualquer um de nós, ou de nossos filhos, poderia ser um deles. É isso que choca o Brasil, e não a forma como ocorreu ou o número na qual isso gerou. Pessoas morrem todos os dias. Mas morrem todos os dias pessoas que estão sentadas diante de um caderno, de um professor, pensando somente em ter um futuro, em ser alguém? E de repente, todos os sonhos e planos são destruídos. Dor, sofrimento, trauma, saudade, pavor, irresignação... tudo em quinze minutos. Quinze minutos que poderiam ter sido evitados.

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